GERAL

Mário foi candidato a vice em 1982: ‘Nunca mais’, afirmou

Músico se decepcionou com a política e nem gostava de relembrar sua breve passagem

Mário foi candidato a vice em 1982: ‘Nunca mais’, afirmou

Foto oficial da campanha de Jorge e Mário Nelli em 1982, juntos com o candidato a governador Franco Montoro e o vice Orestes Quércia

Publicado em: 02 de janeiro de 2023 às 15:13
Atualizado em: 02 de janeiro de 2023 às 16:07

Mário Nelli morreu na terça-feira, 27, sem gostar sequer de falar sobre política. Não era sua “praia”, embora tenha sido candidato a vice-prefeito nas eleições de 1982. Depois, foi secretário de Onofre Rosa de Oliveira durante curto período.

Eram os tempos de Franco Montoro e a ascensão do PMDB, o partido mais forte e que certamente derrotaria a ditadura militar nas urnas.

Em 1982, pela primeira vez desde o início do regime militar, o Brasil teria eleições para governador. Para presidente, ainda precisava ser um general, cujo nome era escolhido pela cúpula da ditadura militar.

Num último esforço para se manter no poder, uma vez que os brasileiros já não suportavam o custo de vida e a inflação galopante, a ditadura mudou as regras eleitorais. Os políticos eleitos em 1976 tiveram seus mandatos prorrogados e em 1982 as eleições teriam obrigatoriamente o voto vinculado, ou seja, o eleitor escolheria candidatos de vereador a senador da República, mas todos deveriam ser de um mesmo partido. Também foram autorizados candidatos em sublegendas.

Foi aí que apareceu o entusiasmo do senador Franco Montoro, que percorreu o Estado e empolgou os paulistas. Era o franco favorito para o governo de São Paulo e a regra da ditadura poderia ter um efeito contrário.

Em Santa Cruz, um nome forte na disputa para a prefeitura era o vereador Jorge Araújo, que se notabilizou na defesa da população durante as depredações ocorridas um ano antes. Na época, houve uma revolta popular contra as altas tarifas cobradas pela Sabesp.

Jorge, então, convidou Mário Nelli para ser o candidato a vice em sua chapa. O músico titubeou, mas depois foi convencido pelo próprio Jorge e pelo professor Celso Fleury Moraes, que defendia a democracia e o fim da ditadura militar.

“Nunca pensei em me engajar na política. Mas o fiz pela filosofia de dar minha contribuição à cidade”, contava Mário.

Jorge Araújo, então, cometeu seu maior erro. Convidou Onofre Rosa para ser candidato numa sublegenda do PMDB, acreditando que o ex-prefeito jamais venceria o pleito, mas somaria votos ao partido.

Ingênuo, Mário Nelli não fez promessas, não distribuiu dinheiro e não falou a linguagem dos políticos tradicionais. Era, afinal, um idealista.

A dupla perdeu as eleições para Onofre Rosa, num cenário de cinco candidatos a prefeito. No ano seguinte, Onofre escolheu Mário Nelli para ser o secretário de Cultura de Santa Cruz. Mais uma vez, o idealista músico aceitou.

Ficou poucos meses, pois conheceu de perto os meandros e malandragens da administração. “Percebi que não valia a pena. Não quero mais participar disto”, disse certa vez, em entrevista ao jornal.

Aliás, Mário nem gostava de comentar sua passagem pela vida política e pelo Poder Público, ainda que por pouquíssimo tempo. “Não adianta perguntar”, disse na entrevista, “pois é uma decisão que tomei naquela época. Quis continuar fazendo o que gosto”, resumiu.

 

Leia mais:

Mário Nelli foi referência na música

SANTA CRUZ DO RIO PARDO

Previsão do tempo para: Terça

Céu limpo
28ºC máx
16ºC min

Durante todo o dia Céu limpo

voltar ao topo

Voltar ao topo