Procurador da prefeitura de Ourinhos diz que medida era para "melhorar atendimento"

Sérgio Fleury Moraes

O homem escalado pelo prefeito Lucas Pocay (PSD) para “expropriar” as instalações e veículos do Samu Regional de Ourinhos é o advogado Renan Oliveira Ribeiro. Procurador-geral comissionado, ele ficou na porta da unidade desde o início da tarde, sendo que a previsão para assumir a central era 19h.

Foi Renan quem confrontou o presidente da Ummes durante todo o tempo. O advogado e Sergio Guidio travaram diálogos ríspidos e o prefeito de Ipaussu resolveu chamar a Polícia Militar para resguardar o patrimônio que, por força de contratos de toda a região, ele considera pertencer à Ummes.

Assim que a prefeitura conseguiu tomar posse da Central Regional do Samu, Renan Ribeiro disse ao jornal que o objetivo era “reassumir” a gestão e administração da unidade. “Vamos renovar a frota inteira, ampliando o serviço. Inclusive, de imediato vamos implantar duas motolâncias para dar mais agilidade”, afirmou.

O procurador explicou que, a partir de agora, os repasses do Ministério da Saúde que eram feitos ao município e encaminhados à Ummes, serão exclusivamente de Ourinhos. “Agora o município vai receber os recursos do Fundo Nacional de Saúde para fazer a gestão, integrando todos os serviços, como UPA, UBSs e Samu”, disse. Renan garantiu que toda a região não será prejudicada, pois a central vai continuar funcionando interligada com as outras bases de Samu.

Ele admitiu que a prefeitura de Ourinhos vai gastar mais recursos com a contratação emergencial da nova OS para gerir o Samu, mas ponderou que isto inclui novos investimentos. “Estes valores obviamente incluem estes novos investimentos. Sob nossa ótica, os serviços da Ummes estavam muito aquém da expectativa, com uma situação muito precária. Então, neste primeiro momento o contrato sofre um reajuste para implementar novas opções no atendimento de urgência”, disse.

O procurador garantiu que Ourinhos vai cumprir os compromissos financeiros firmados anteriormente com a Ummes, já que o município tem dívidas com o consórcio. “O que nós queremos é colocar no mesmo patamar de qualidade de outros serviços. É isto o que a Ummes não entendeu”, afirmou.

Renan disse que, ao menos neste momento, Ourinhos não deve deixar a Ummes e que as dívidas serão pagas até dezembro. “Não haverá prejuízo algum, como nunca teve”, ressaltou. Ele criticou a postura de Sérgio Guidio, garantindo que não havia necessidade de confronto. “O município tem o direito de rever seus atos e esta situação não deveria ser politizada”, disse.

O advogado é uma figura que já se envolveu em polêmicas na região. Em 2018, ele era secretário de compras na prefeitura de Ipaussu e tentou ser procurador jurídico se inscrevendo num concurso público. O certame, porém, foi colocado sob suspeita e anulado pelo prefeito. Havia a suspeita de que o advogado estaria ligado à empresa que iria coordenar o concurso. Logo em seguida, Sergio Guidio demitiu Renan.

Três anos depois, agora como funcionário da Ummes, descobriu-se que Renan tinha contratos com várias prefeituras integrantes do consórcio, mas o advogado garantiu que a situação era legal.

Leia mais:

Primeiro problema do Samu
surgiu em S. Pedro: omissão

Contrato emergencial de quase
R$ 6 mi poderá ser investigado

Lucas Pocay intervém e tenta
‘tomar’ Samu Regional da Ummes

Serginho diz que Lucas agiu
com arbitrariedade e truculência